Cherreads

Chapter 14 - treinamentos

Desta vez, ele parou no meio da árvore, de cabeça para baixo, com os pés presos na casca. Seus olhos se voltaram para o céu, onde o sol começava a superar as nuvens espessas do vale.

Por fim, após algumas horas de treinamento de escalada, Riki seguiu em direção ao pequeno lago escuro ao lado das ruínas, onde a névoa rasteira dava a tudo uma aparência fantasmagórica.

— Essa é a parte mais difícil... o chakra deve fluir continuamente, adaptar-se a cada ondulação, como uma dança na instabilidade.

Riki respirou fundo, canalizou chakra para os pés e deu o primeiro passo.

Ele caiu até os tornozelos.

Muito áspero, preciso ser mais fluido. Respira...

Ele tentou novamente e afundou... e novamente, mais três vezes.

Tudo melhorou na quarta tentativa. Desta vez, ele deslizou pela superfície como se a água fosse de vidro e permaneceu ali, de olhos fechados, equilibrando corpo, mente e memória.

"Kakashi treinou isso com o Time 7, mas eles não tinham um mundo inteiro para manipular. Eu tenho."

Quando terminou, o sol já havia atingido o topo do penhasco. Riki olhou para a casa — sabia que seu pai logo leria o diário...

Ainda de pé sobre a água, olhando para o horizonte. — Hora de mover a próxima peça. Ele murmurou.

Ainda aquecido pelos exercícios de controle de chakra, Riki tirou a parte de cima da roupa, revelando um torso esbelto esculpido pela disciplina. O ar cortante do Vale do Inferno provocou um arrepio, e os ombros se contraíram involuntariamente.

Mas ele permaneceu ali, impassível. O desconforto era um lembrete necessário: conforto é um luxo inacessível para aqueles que desejam sobreviver.

Não neste mundo!

Ele se ajoelhou no chão rochoso, colocou as mãos na pedra fria e começou uma série de flexões lentas, respirando com firmeza, forçando seus músculos a obedecerem.

Um... dois... três... A cada descida, a imagem de Danzō queimava em sua mente como uma ameaça inevitável. A cada empurrão, ele se lembrava do futuro que precisava evitar. Na quinquagésima repetição, ele passou para flexões de braço com palmas, impulsionando-se do chão com rajadas curtas, aguçando os reflexos e o controle do corpo. A dor nos pulsos era aguda — o impacto na pedra deixou sua pele arranhada, e isso ajudou.

A dor era o que o mantinha acordado, concentrado e vivo.

Deitado na rocha áspera e cruzando os braços sobre o peito para fazer abdominais. Ele já estava em estado de guerra, tornando o exercício automático. Ele não contava mais, apenas aguentava até o abdômen queimar. Ele se levantava, fazia agachamentos, sequências de saltos e corria em rajadas curtas ao longo da encosta rochosa, alternando subidas explosivas com descidas controladas.

Num momento de impulso, amarrou pedaços de pedra ao corpo com cordas improvisadas, aumentando a resistência. Queria que cada passo parecesse uma batalha. Cada movimento, um lembrete de que a fraqueza não poderia persegui-lo.

Ele assumiu uma postura de combate, respirando fundo, com os olhos fechados por um instante. A imobilidade dentro dele era falsa, reinava o caos. Ele lutava contra um inimigo invisível, esquivando-se de golpes imaginários, executando chutes giratórios e combinações rápidas de socos.

Cada golpe era direcionado ao medo, aos fantasmas do futuro, a tudo que ameaçava o pouco que ele ainda podia amar.

Perto de uma árvore retorcida, ele bateu no tronco com a palma da mão nua, repetidamente, até que o sangue começou a escorrer entre seus dedos. Um sussurro escapou:

— No futuro, sangue será inevitável. É melhor se acostumar com o meu corpo sangrando.

Seu corpo tremia de exaustão, mas ele não parou.

Ele avançou até um platô rochoso onde alvos improvisados, troncos secos o aguardavam. Ele sacou três kunai com fluidez e as lançou em uma sequência que refletia um treinamento calculado: uma para o centro, uma para um lado móvel e uma em um ângulo oblíquo.

Os sons das lâminas batendo na madeira eram secos e nítidos. Só a última falhou, descentrada por um centímetro. Riki observou o desvio. Em sua mente, apenas uma palavra: inaceitável.

Ele recuperou as armas calmamente, girando uma entre os dedos. Àquela altura, seu rosto não tinha mais a expressão de uma criança. Era o rosto de alguém que vivera o suficiente para conhecer a morte.

Ele continuou com exercícios de movimento.

Ele respirou fundo, ativando seu estado de percepção plena — uma técnica pessoal nascida da fusão de memória muscular, consciência espacial e leitura ambiental.

Ele criou clones de sombra e os posicionou ao seu redor, ordenando que atacassem de todos os lados. Saltou para o lado, rolou, sacou uma shuriken e a arremessou sem mirar, confiando no instinto. Um chute giratório no ar, uma aterrissagem precisa, uma kunai erguida em postura defensiva, cada gesto nascido do cálculo, mas com a facilidade de alguém que o treinou mil vezes.

Ele agarrou sua bolsa de senbon e, com fria precisão, começou a arremessá-las contra alvos específicos nas árvores, artérias, nervos, pontos vitais de um inimigo em movimento. Um, dois, três... sete. As agulhas cortavam o ar como se redesenhassem o destino.

O próximo treinamento foi o mais silencioso, e mortal. Assassinato silencioso. Ele se esgueirou pelas sombras, usando o terreno do vale para simular infiltrações.

Ele escalava rochas com chakra nos pés, o corpo colado às superfícies, os passos o mais controlados possível. Ele escondia a respiração, forçava o coração a bater mais devagar, movia-se de um ponto a outro sem ser detectado.

De vez em quando, ele enfiava uma kunai na base de uma árvore, silenciosamente, sem hesitação.

No final de tudo, ele desceu até um pequeno lago sombrio nas profundezas do vale. Lavou os braços, removendo o sangue seco e a poeira que grudavam nele.

Seu rosto permanecia inexpressivo, uma máscara treinada para esconder fraquezas. Embora jovem, seu corpo já carregava o peso de um assassino disciplinado, um soldado.

Riki olhou para seu reflexo na água. Seus olhos escuros escondiam a tempestade, mas lá no fundo... algo se agitou. Despertou. Perigoso.

Itachi começou cedo... eu também. Mas eu tenho um mapa do futuro. E não vou cometer os mesmos erros que eles.

Ali, naquele campo de pedras, espinhos e silêncio, o garoto não estava apenas treinando, ele estava se moldando em algo que o mundo ninja jamais esqueceria.

A uma distância que só ninjas sensoriais de elite conseguiam detectar, Tekka Uchiha observava em silêncio. Seus olhos acompanhavam cada movimento do filho, escondido entre as sombras do Vale do Inferno, onde o frio era mais duro que o aço e o silêncio pesava mais que as palavras.

A intensidade do treinamento físico de Riki o surpreendeu, não pela brutalidade, mas pela disciplina inerente a cada repetição. Havia algo que lembrava os lendários relatos das rotinas extremas de Might Duy, o "Genin Eterno" conhecido por sua dedicação insana ao taijutsu puro. Uma busca obsessiva pela autossuperação através do esforço absoluto. Mas, ao contrário de Duy, o garoto à sua frente também carregava uma herança de poder ocular. E um fardo.

Horas se passaram. Tekka já deveria ter retornado. Mas ele permaneceu imóvel, como se uma parte dele soubesse que precisava ver o que viria a seguir.

Riki caminhava agora em direção a uma pequena poça de água avermelhada, uma poça ancestral que carregava o tom enferrujado de batalhas esquecidas, onde sangue misturado com lama se recusava a deixar o passado em paz. Ali, ele se ajoelhou. Suas pupilas dilataram. E o Ketsuryūgan se inflamou, brilhando como brasas sob a névoa.

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